De Heathrow direto para JFK, Nova Iorque. No primeiro dia do Great American Beer Festival aqui na Taberna, a escolhida foi uma cervejaria da terra de Sinatra. A
Brooklyn Brewery, sediada em Williamsburg é a cervejaria comandada pelo brewmaster
Garreth Oliver. Um dos mais conceituados atualmente, por conta das suas interpretações de estilos europeus e pelo indispensável "
The Brewmaster's Table: Discovering the Pleasures of Real Beer with Real Food" publicado pela primeira vez em 2003. Foi durante muito tempo jurado do GABF e é, permanentemente, jurado do GBBF.
Passadas as informações, vamos as cervejas! A primeira do dia foi a Lager deles. Quem não conhece, pode esperar uma cerveja insossa e sem graça como as standard lagers americanas. Mas não! Essa vienna lager de 5,2% abv é o contrário.
Essa cerveja tem cor cor cobre claro, um pouco mais claro que um mate. O colarinho branco, é de boa formação e boa retenção.
Por ser uma cerveja da escola americana, o lúpulo é uma das estrelas. No aroma se percebe o lúpulo floral e um leve caramelo. No paladar, as impressões se repetem com o caramelo e o lúpulo trazendo um amargor muito interessante.
Em seguida a Brown Ale. Uma grata surpresa! A English Brown Ale de 5,6% abv é uma cerveja marrom um pouco mais claro. Até um pouco avermelhado. O creme é bege de pouca duração e média formação.
No aroma, tem leves notas de lúpulo de cara, torrado e caramelo. Já na boca, se percebe o lúpulo novamente, bem como o caramelo trazendo um adocicado. A medida que a temperatura da cerveja vai aumentando, o torrado, o chocolate e o café vão aparecendo.
Moving on...
Muitas vezes me perguntam: "Mamute, qual é sua cerveja preferida?" E eu respondo que não tenho uma cerveja preferida, que tudo depende da ocasião, do momento da vida, do local, da temperatura e até do humor. Aliás, no meu caso, frequentemente depende do humor (não sou fácil).
Tendo isso em mente, neste instante, nesta altura da vida, tenho a plena certeza de que a East India Pale Ale da Brooklyn é a cerveja que eu mais bebo! Não a toa, o IPA é meu estilo preferido e foi a última receita que fiz aqui, a querida, mas não tão boa IPAnema.

Essa IPA de respeito tem 6,9% de abv e tudo mais que manda o figurino. A cor é de um dourado, se aproximando de um cobre claro. A espuma branca é de média a boa formação e tem uma razoável duração.
No aroma, como não podia ser diferente, o lúpulo é intenso!! Muito bom para quem é Hop Head que nem eu. Daí o que se espera é que a cerveja seja só amarga. A história é outra.
A cerveja é equilibrada. Apesar do amargor forte e intenso no paladar, um doce caramelado vem para equalizar as coisas. É verdade que esse dulçor dura pouco e que o amargor volta do aftertaste, mas deixa boa impressão.
Na primeira leva que chegou ao Brasil, além das 3 acima, chegou a Local nº 1. Essa é a versão deles para as Strong Golden Ales. O estilo de cervejas diabólicas como Duvel e Lúcifer.
Strong means Forte! 9% abv na big bottle! A cabeça é branca e enorme! Excelente duração. Bem densa e cremosa. A cor é dourada turva.
No nariz, ficam evidentes notas cítricas e de laranja. Já no paladar um confortável "quentura" do alcóol. Notas cítricas e um doce aparecem na língua.
A comparação com a Duvel é inevitável para todos que provam essa cerveja pela primeira vez. São de fato parecidas, mas a versão americana é menos intensa/encorpada que a cerveja Belga. Não que falta corpo! Também faltou um pouco daquele aspecto de mousse no colarinho, contudo continua sendo muito boa cerveja. É 100% refermentada na garrafa, um processo de produção diferenciado, pouco usado hoje.
Em um segundo momento, chegaram algumas das cervejas sazonais da cervejaria. Mais precisamente a Black Chocolate Stout e a Monster Ale.
A Stout, na verdade, é uma Imperial Stout. O estilo preferido da Czar russa, Catarina, a Grande. E aqui as coisas começam a ficar sérias.
Rompendo a barreira dos dois digitos, essa cerveja tem 10% de abv! Preta e opaca. Quando posta contra a luz, se vê um marrom muito, muito escuro.
Sua espuma é bege escuro, quase marro, mas de boa formação, densa e cremosa. No aroma notas de chocolate amargo e alcóol. No paladar notas de chocolate amargo novamente, café, torrado e alcóol. O torrado retorna no aftertaste.
Ela agarra na língua e é bem forte. Confesso que a cerveja é pesada para o meu paladar.
A última do dia, em nada ajudou na minha recuperação. É outra "porrada" na cabeça! Uma verdadeira Barley Wine de 10,1% de abv. O rótulo é lindo, pra mim o mais bonito dessas, e traz a menção do ano que foi produzida: "This Monster Was Born in 2009". Só está disponível nos States de Dezembro à Março.
Se dissessem que eu já estava bebendo um vinho, pela cor, eu não negaria. Como toda Barley Wine, tem coloração avermelhada, lembrando cereja. A espuma é clara, com boa formação e duração.
O aroma é bem frutado, trazendo muitas notas de frutas vermelhas e nozes de leve. O paladar é adocicado e bem encorpado, licoroso. A cerveja é alcoólica, mas o alcóol é muito bem inserido. Não se notaria, se não fosse pela sensação de calor que percorre a garganta.
Definitivamente a Brooklyn chegou para arrebentar no Brasil. Tem muita qualidade e preços excelentes mesmo!
Maiores informações sobre os ingredientes utilizados e sugestões para harmonizações com comida no
site da Brooklyn.