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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Beering in America

“I find American beer a bit like having sex in a canoe. It's fucking close to water.”

~ Oscar Wilde on American Beer
 
Essa é uma frase que mostra bem qual é a opinião geral das pessoas em relação as cervejas americanas. As vezes por puro preconceito, as vezes por falta de conhecimento e as vezes com razão.
 
Os EUA foram colonizados pelos ingleses, uma das grandes escolas cervejeiras do mundo. Logo, já era de se esperar que a preferência fosse pela cerveja. Os EUA sempre foram uma grande nação cervejeira. Sempre produziram muito e consumiram muito. No início do século XX, existiam 3000 cervejarias nos EUA, o que demonstra a paixão do povo por essa bebida maravilhosa.
 
Mas, mais ou menos na mesma época, mais precisamente em 1920, entrou em vigor uma emenda constitucional, que para acabar com os problemas de pobreza e violência, proibia a fabricação, o comércio, o transporte, a exportação e a importação de bebidas alcóolicas. É a chamada Lei Seca (muito pior do que a que gente tem aqui, né?).
 
Tudo isso de nada adiantou. Como consequência, houve o fechamento das fábricas, que perderam suas receitas, diminuindo o mercado americano de cervejas e o aumento da clandestinidade. Sim, o resultado foi praticamente o inverso do imaginado. As bebidas começaram a ser produzidas clandestinamente e todo um mercado negro foi criado. Isso resultou em um aumento de violencia e o enriquecimento das máfias que contrabandeavam a bebida. Al Capone foi o maior gangster da época (por ter uma cicatriz no rosto, foi a figura que inspirou os filmes Scarface de 32).
 
Diante deste quadro e com o argumento de que a legalização da bebida iria trazer novos empregos e investimentos, a Lei Seca foi revogada em 1933 (lembrem que os EUA passavam pela terrível crise da bolsa em 1929).
 
A partir daí, o mercado cervejeiro começou a ser dominado pelas grandes empresas. Essas empresas visavam exclusivamente o lucro e a redução de custos. Por isso, passaram a produzir cervejas padrão, de baixa qualidade, com adição de milho e arroz em suas fórmulas. São as Standard American Lagers. Realmente, como dito na frase acima, são cervejas aguadas, sem sabor e aroma.
 
Isso perdurou por 50 anos, até que, na década de 80, seguindo uma tendência europeia, pequenas cervejarias e homebrewers americanos começaram um movimento de resgate de estilos, inovação, criatividade e atenção com a qualidade do produto. Este movimento passou para história como "The MicroBrewery Revolution".
 
Por conta deste movimento, hoje os EUA conseguiram quebrar paradigmas, definir características próprias e com isso serem reconhecidos como uma das grandes escolas cervejeiras do mundo, junto com o ingleses, belgas e alemães.
 
Atualmente, existem mais de 1600 cervejarias nos EUA e o mercado de cervejas especiais cresce a todo vapor. Para se ter uma ideia, os "Craft Brewers" representam quase 5% do mercado em volume produzido (por volta de 1 bilhão de litros) e 7% em receita (por volta de 7 bilhões de dolares).
 
E nada mais natural, que com este crescimento, fosse necessária alguma festa. E é justamente o que é o Great American Beer Festival. Esse festival/competição dura 3 dias e está acontecendo em Denver, Colorado, desde ontem, dia 16.
 
Os números do evento são grandiosos. Mais de 50 mil pessoas são esperadas para provarem mais de 2200 cervejas americanas. Fora isso, mais de 3000 cervejas foram inscritas e serão avaliadas por um júri de profissionais que escolherão as 3 melhores de cada estilo.
 
O amigo Ricardo Amorim, com o apoio da Cervejaria Colorado, já está lá cobrindo o evento e postou boas novidades no blog dele, o Cerveja Só. Acompanhem que vale a pena.

Aqui na Taberna, também faremos nossa versão do festival, assim como fizemos com o GBBF. Vou provar e e vou postando aqui minha opinião sobre os rótulos disponíveis no Brasil, provavelmente nesta ordem: Brooklyn, Anderson Valley e Flying Dog.

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