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domingo, 31 de outubro de 2010

GABF: Flying Dog - Canis Major

Sim, eu sei, a Snake Dog não faz parte da linha Canis Major da Flying Dog, mas poderia. A cerveja levanta os pelos da nuca!! Essa IPA de 7,1% abv e 60 de IBU tem coloração cobre claro. Sua espuma é branca, de média a boa formação e média duração.


O paladar é completamente dominado pelo amargor elevado da lupulagem. O aroma também traz notas fortes de lúpulo herbal. Não é qualquer um que encara o cachorro-cobra não!

A cerveja seguinte é de um estilo bem próximo ao da Snake Dog. Trata-se da Double Dog, uma pale ale violenta de 11,5% de abv e 85 IBU. Apesar de mais lupulada e alcóolica que a IPA, ela é equilibrada.


De coloração cobre escuro e espuma branca de boa formação, essa cerveja extrema tem em seu aroma, o lúpulo herbal e o caramelo, assim como no paladar, trazendo um amargor elevado, equilibrado com o doce do malte. Conforme vai esquentando, o lúpulo tende a aparecer mais.

Quem curte Barley Wine vai gostar da Horn Dog. De longe já se percebe o aroma de frutas vermelhas. Quando abrimos a garrafa, o perfume toma conta do ambiente. Além das frutas vermelhas, também estão presentes aromas de madeira, castanha e vinho.


O vinho se repete na cor. Se não fosse pelo colarinho desbotado, cremoso, teria a aparência de um vinho. Esse colarinho forma muito bem e é duradouro, deixando marcas na taça (o famoso Belgian Lace).

O paladar é doce e seco, com toques de madeira e vinho. Bem complexa esse belo exemplar de 10,2% abv e 45 IBU.

Para finalizar o nosso GABF 2010, a cerveja que todos que provaram, gostaram, inclusive aqueles críticos mais ferrenhos das Flying Dog. A Gonzo foi feita em homenagem a Hunter S. Thompson, jornalista americano que inspirou toda a ideologia dessa cervejaria, e já foi, por diversas vezes, premiada, inclusive com medalhas de ouro e prata no World Beer Cup.


A Imperial Porter da Flying Dog é preta e opaca. Colarinho bege de boa formação e duração. A cerveja é oleosa, grossa, bem encorpada e conta com 7,8% de abv (o site da cervejaria diz 9,2% abv). O alcóol é imperceptível e traz aquele calor gostoso.

Apesar de bastante lupulada (são 85 IBUs!), apresenta um equilíbrio interessante entre os maltes torrados e amargor do lúpulo. Notas de torra bem presentes e amargor elevado caracterizando o paladar dessa cerveja. No aroma, o malte torrado, café e lúpulo contribuem para que essa seja uma boa representante do estilo.

Faltaram a In-Heat Wheat, que eu nunca vi no Brasil e a Kerberos Tripel que está em falta.

Em resumo, as Flying Dog são marcadas pela criatividade e irreverência. Algumas delas tem mais valor que as outras, mas todas chegaram aqui com preço bastante elevado.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

GABF: Flying Dog - The Pack

A vez dos cachorros voadores! Cervejas polêmicas! Cervejas Irreverentes! Amadas ou odiadas, as Flying Dog chegaram ao Brasil despertando uma bela discussão acerca do custo x benefício. O preço influenciou tanto a opinião de quem provou, que a percepção foi de que se tratavam de cervejas ruins. Muito se falou que as cervejas não valeriam o preço cobrado e etc.

A verdade é: as cervejas tem um preço elevado, principalmente as Canis Majors, mas nem por isso deixam de ser cervejas interessantes. Sem preconceito e com o coração aberto, o dia das Flying Dog começou com a Tire Bite, Doggie Style, Old Scratch e Road Dog.


A Tire Bite é a versão americana para o estilo Kölsch, originário da região de Colonia na Alemanha. Um estilo híbrido que utiliza leveduras de alta fermentação e depois é acondicionado em baixas temperaturas. O resultado desse processo é uma cerveja com características de ambas famílias.

Esta versão tem coloração dourada, translúcida, com o colarinho branco de boa formação e média duração. No aroma, o malte pilsen aparece logo de cara. Mas sempre com leveza e nunca agressivo. No fundo um discreto lúpulo. O sabor é levemente adocicado, por causa do malte. O amargor é baixo, contando com apenas 16,5 IBU. É uma cerveja bem leve e refrescante com 5,5% abv.

Por outro lado, a Doggie Style já é uma cerveja que marca. Pertence ao estilo American Pale Ale, mas no primeiro gole parece uma IPA. Mas, com o passar do tempo, se percebe que as características que a tonariam uma IPA de verdade não estão tão fortes.


De todo modo, é uma cerveja ambar, acobreada, com espuma branca, de média formação e duração. No nariz, o malte e um lúpulo herbal aparecem. Esses personagens voltam no sabor da cerveja. Ela apresenta um amargor interessante do lúpulo herbal e também um sabor de malte.

Outra cerveja diferente. É uma lager, mas que parece uma Ale! Hein? Pois é, a Old Scratch é uma Amber Lager, de 5,5% abv, mas que apresenta algumas características que seriam normalmente encontradas em cervejas de alta fermentação.


Ela é vermelha, viva. Tem 5,5% abv. Sua cabeça é branca, desbotada, de boa formação, porém com média a baixa duração. Ao aproximar o nariz da taça, se percebe caramelo, que normalmente estaria em uma Pale Ale, por exemplo. Além dele, um malte torrado também é encontrado. O paladar doce acompanha o aroma, trazendo as mesmas notas de caramelo e torrado leve.

Passando para a última do dia, a Road Dog não tem bem cor das Portes tradicionais. É um marrom quase escuro. Avermelhado. O seu colarinho é bege, de boa formação e média a baixa duração.


No aroma, a cerveja apresenta notas de café, chocolate e torrado. Um levíssimo lúpulo também aparece ao final. O paladar acompanha, repetindo o sabor de café e torrado. A cerveja podia ser mais "carregada" nos seus atributos ao meu ver.

O balanço das primeiras cervejas da linha é de que são sim cervejas boas, com um preço um pouco restritivo por não serem excepcionais e são surpreendentes, no sentindo de que você não encontrar exatamente o que esperaria daquele estilo.

Em seguida a Snake IPA e as Canis Major...

domingo, 26 de setembro de 2010

GABF: Anderson Valley

Quando se pensa em Califórnia, logo nos vem a mente, praias, surf, LA, hip hop e até Arnold Scwarzenneger! Mas a terra de Mr. Governator também tem uma ótima cervejaria. Em Booville, California está uma das mais respeitas cervejarias dos EUA: A Anderson Valley!

Ela começou como um BrewPub, produzindo cerveja em seu porão. O sucesso foi tão grande e tantos premios vieram, que tiveram que aumentar, por duas vezes, a capacidade de produção. Construíram mais dois locais e tiveram que importar os tanques de brassagem de cobre da Europa.

Aqui no Brasil chegaram 5 rótulos, quase todos premiados. São eles Boont Amber Ale; Poleeko Gold Pale Ale; Boont Extra Special Beer; Hop Ottin´ IPA e Barney Flats Oatmeal Stout.


A Boont Amber Ale tem 5,8% abv e, como o próprio nome diz, é uma cerveja de coloração âmbar, escura. Sua espuma é bege, bem cremosa, densa. Tem boa formação e dura bem. No aroma, notas de caramelo e leve lúpulo.

A cerveja é equilibradíssima! Ao beber, se percebe em um primeiro plano o caramelo, trazendo um dulçor. Mas, logo depois um leve lúpulo aparece, com seu amargor. É uma cerveja muito fácil de beber, refrescante.

Em seguida, foi a vez da Poleeko Gold. Uma American Pale Ale, dourada, levemente turva de 5,5% abv. O colarinho é branco, bem cremoso e tem bolhas grandes. Como visto na foto abaixo, tem boa formação e retenção.


Completamente dentro do estilo proposto, a Poleeko Gold traz notas de lúpulo, cítrico e malte bem de leve no nariz. Já o paladar tem um bom amargor, inclusive, aparecendo novamente no aftertaste. Essa cerveja é leve, de alta carbonatação e muito fácil de beber!

Mais uma Californiana de estilo inglês! Não preciso mencionar qual é o estilo da Boont ESB, certo? Aliás, como toda boa ESB, essa cerveja de 6,8% abv é uma bomba de amargor. Bitter de respeito é assim.


É uma cerveja dourada escura/cobre claro, com colarinho branco de média a boa formação, com média duração. Tanto no aroma, quanto no paladar, no começo se percebe o malte, mas rapidamente o lúpulo, como todo seu amargor toma a frente e finalizar a cerveja. O amargor é realmente elevado (61 IBUs).

Depois de amargar a vida desse jeito, eu não tinha outra escolha que não fosse continuar amargando cada vez mais hehehe! A próxima foi a Hop Ottin´ IPA com 7% abv e 80 IBUs!


Interessantíssima IPA. Cor cobre, espuma de baixa formação e média duração. No aroma, lúpulo, cítrico e caramelo leve. No paladar o lúpulo e o caramelo se repetem. A cerveja é muito equilibrada. Rola um revezamento ao beber essa cerveja (hein?)! No primeiro gole aparece o amargor do lúpulo na frente do malte caramelo. Quando se repete o gole, ocorre o contrário.

Claro, foi a que eu mais gostei, mas sou suspeito para falar de IPAs. Curiosamente é a única que não carrega uma medalha de ouro no rótulo.

Pra finalizar e passar a régua, a Barney Flats Oatmeal Stout. Esse é um subestilo de stout que traz aveia em sua composição. A aveia acaba agregando corpo a cerveja. Aprendi a gostar deste estilo após beber uma excelente versão no curso da Confraria do Marquês.

Mas e a Barney Flats? É leve, de baixo amargor e alta drinkability. É preta, com boa formação de espuma, que por sua vez é bege. A retenção é de média a baixa, mas uma fina camada perdura ainda algum tempo.

No aroma, notas de café e chocolate. Na boca, a cerveja é bem cremosa (por causa da aveia), doce e levemente torrada. 

Todas as cervejas da Anderson Valley são muito bem equilibradas. A única tristeza ficou por conta da minha querida IPA ser a única a não carregar orgulhosamente a medalha de ouro no peito. Paciência e parabéns a Anderson Valley Brewing Company!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

GABF: Brooklyn

De Heathrow direto para JFK, Nova Iorque. No primeiro dia do Great American Beer Festival aqui na Taberna, a escolhida foi uma cervejaria da terra de Sinatra. A Brooklyn Brewery, sediada em Williamsburg é a cervejaria comandada pelo brewmaster Garreth Oliver. Um dos mais conceituados atualmente, por conta das suas interpretações de estilos europeus e pelo indispensável "The Brewmaster's Table: Discovering the Pleasures of Real Beer with Real Food" publicado pela primeira vez em 2003. Foi durante muito tempo jurado do GABF e é, permanentemente, jurado do GBBF.


Passadas as informações, vamos as cervejas! A primeira do dia foi a Lager deles. Quem não conhece, pode esperar uma cerveja insossa e sem graça como as standard lagers americanas. Mas não! Essa vienna lager de 5,2% abv é o contrário.

Essa cerveja tem cor cor cobre claro, um pouco mais claro que um mate. O colarinho branco, é de boa formação e boa retenção.

Por ser uma cerveja da escola americana, o lúpulo é uma das estrelas. No aroma se percebe o lúpulo floral e um leve caramelo. No paladar, as impressões se repetem com o caramelo e o lúpulo trazendo um amargor muito interessante.

Em seguida a Brown Ale. Uma grata surpresa! A English Brown Ale de 5,6% abv é uma cerveja marrom um pouco mais claro. Até um pouco avermelhado. O creme é bege de pouca duração e média formação.


No aroma, tem leves notas de lúpulo de cara, torrado e caramelo. Já na boca, se percebe o lúpulo novamente, bem como o caramelo trazendo um adocicado. A medida que a temperatura da cerveja vai aumentando, o torrado, o chocolate e o café vão aparecendo.

Moving on...

Muitas vezes me perguntam: "Mamute, qual é sua cerveja preferida?" E eu respondo que não tenho uma cerveja preferida, que tudo depende da ocasião, do momento da vida, do local, da temperatura e até do humor. Aliás, no meu caso, frequentemente depende do humor (não sou fácil).

Tendo isso em mente, neste instante, nesta altura da vida, tenho a plena certeza de que a East India Pale Ale da Brooklyn é a cerveja que eu mais bebo! Não a toa, o IPA é meu estilo preferido e foi a última receita que fiz aqui, a querida, mas não tão boa IPAnema.


Essa IPA de respeito tem 6,9% de abv e tudo mais que manda o figurino. A cor é de um dourado, se aproximando de um cobre claro. A espuma branca é de média a boa formação e tem uma razoável duração.

No aroma, como não podia ser diferente, o lúpulo é intenso!! Muito bom para quem é Hop Head que nem eu. Daí o que se espera é que a cerveja seja só amarga. A história é outra.

A cerveja é equilibrada. Apesar do amargor forte e intenso no paladar, um doce caramelado vem para equalizar as coisas. É verdade que esse dulçor dura pouco e que o amargor volta do aftertaste, mas deixa boa impressão.

Na primeira leva que chegou ao Brasil, além das 3 acima, chegou a Local nº 1. Essa é a versão deles para as Strong Golden Ales. O estilo de cervejas diabólicas como Duvel e Lúcifer.


Strong means Forte! 9% abv na big bottle! A cabeça é branca e enorme! Excelente duração. Bem densa e cremosa. A cor é dourada turva.

No nariz, ficam evidentes notas cítricas e de laranja. Já no paladar um confortável "quentura" do alcóol. Notas cítricas e um doce aparecem na língua.

A comparação com a Duvel é inevitável para todos que provam essa cerveja pela primeira vez. São de fato parecidas, mas a versão americana é menos intensa/encorpada que a cerveja Belga. Não que falta corpo! Também faltou um pouco daquele aspecto de mousse no colarinho, contudo continua sendo muito boa cerveja. É 100% refermentada na garrafa, um processo de produção diferenciado, pouco usado hoje.

Em um segundo momento, chegaram algumas das cervejas sazonais da cervejaria. Mais precisamente a Black Chocolate Stout e a Monster Ale.

A Stout, na verdade, é uma Imperial Stout. O estilo preferido da Czar russa, Catarina, a Grande. E aqui as coisas começam a ficar sérias.

Rompendo a barreira dos dois digitos, essa cerveja tem 10% de abv! Preta e opaca. Quando posta contra a luz, se vê um marrom muito, muito escuro.


Sua espuma é bege escuro, quase marro, mas de boa formação, densa e cremosa. No aroma notas de chocolate amargo e alcóol. No paladar notas de chocolate amargo novamente, café, torrado e alcóol. O torrado retorna no aftertaste.

Ela agarra na língua e é bem forte. Confesso que a cerveja é pesada para o meu paladar.

A última do dia, em nada ajudou na minha recuperação. É outra "porrada" na cabeça! Uma verdadeira Barley Wine de 10,1% de abv. O rótulo é lindo, pra mim o mais bonito dessas, e traz a menção do ano que foi produzida: "This Monster Was Born in 2009". Só está disponível nos States de Dezembro à Março.

Se dissessem que eu já estava bebendo um vinho, pela cor, eu não negaria. Como toda Barley Wine, tem coloração avermelhada, lembrando cereja. A espuma é clara, com boa formação e duração.

O aroma é bem frutado, trazendo muitas notas de frutas vermelhas e nozes de leve. O paladar é adocicado e bem encorpado, licoroso. A cerveja é alcoólica, mas o alcóol é muito bem inserido. Não se notaria, se não fosse pela sensação de calor que percorre a garganta.

Definitivamente a Brooklyn chegou para arrebentar no Brasil. Tem muita qualidade e preços excelentes mesmo!

Maiores informações sobre os ingredientes utilizados e sugestões para harmonizações com comida no site da Brooklyn.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Beering in America

“I find American beer a bit like having sex in a canoe. It's fucking close to water.”

~ Oscar Wilde on American Beer
 
Essa é uma frase que mostra bem qual é a opinião geral das pessoas em relação as cervejas americanas. As vezes por puro preconceito, as vezes por falta de conhecimento e as vezes com razão.
 
Os EUA foram colonizados pelos ingleses, uma das grandes escolas cervejeiras do mundo. Logo, já era de se esperar que a preferência fosse pela cerveja. Os EUA sempre foram uma grande nação cervejeira. Sempre produziram muito e consumiram muito. No início do século XX, existiam 3000 cervejarias nos EUA, o que demonstra a paixão do povo por essa bebida maravilhosa.
 
Mas, mais ou menos na mesma época, mais precisamente em 1920, entrou em vigor uma emenda constitucional, que para acabar com os problemas de pobreza e violência, proibia a fabricação, o comércio, o transporte, a exportação e a importação de bebidas alcóolicas. É a chamada Lei Seca (muito pior do que a que gente tem aqui, né?).
 
Tudo isso de nada adiantou. Como consequência, houve o fechamento das fábricas, que perderam suas receitas, diminuindo o mercado americano de cervejas e o aumento da clandestinidade. Sim, o resultado foi praticamente o inverso do imaginado. As bebidas começaram a ser produzidas clandestinamente e todo um mercado negro foi criado. Isso resultou em um aumento de violencia e o enriquecimento das máfias que contrabandeavam a bebida. Al Capone foi o maior gangster da época (por ter uma cicatriz no rosto, foi a figura que inspirou os filmes Scarface de 32).
 
Diante deste quadro e com o argumento de que a legalização da bebida iria trazer novos empregos e investimentos, a Lei Seca foi revogada em 1933 (lembrem que os EUA passavam pela terrível crise da bolsa em 1929).
 
A partir daí, o mercado cervejeiro começou a ser dominado pelas grandes empresas. Essas empresas visavam exclusivamente o lucro e a redução de custos. Por isso, passaram a produzir cervejas padrão, de baixa qualidade, com adição de milho e arroz em suas fórmulas. São as Standard American Lagers. Realmente, como dito na frase acima, são cervejas aguadas, sem sabor e aroma.
 
Isso perdurou por 50 anos, até que, na década de 80, seguindo uma tendência europeia, pequenas cervejarias e homebrewers americanos começaram um movimento de resgate de estilos, inovação, criatividade e atenção com a qualidade do produto. Este movimento passou para história como "The MicroBrewery Revolution".
 
Por conta deste movimento, hoje os EUA conseguiram quebrar paradigmas, definir características próprias e com isso serem reconhecidos como uma das grandes escolas cervejeiras do mundo, junto com o ingleses, belgas e alemães.
 
Atualmente, existem mais de 1600 cervejarias nos EUA e o mercado de cervejas especiais cresce a todo vapor. Para se ter uma ideia, os "Craft Brewers" representam quase 5% do mercado em volume produzido (por volta de 1 bilhão de litros) e 7% em receita (por volta de 7 bilhões de dolares).
 
E nada mais natural, que com este crescimento, fosse necessária alguma festa. E é justamente o que é o Great American Beer Festival. Esse festival/competição dura 3 dias e está acontecendo em Denver, Colorado, desde ontem, dia 16.
 
Os números do evento são grandiosos. Mais de 50 mil pessoas são esperadas para provarem mais de 2200 cervejas americanas. Fora isso, mais de 3000 cervejas foram inscritas e serão avaliadas por um júri de profissionais que escolherão as 3 melhores de cada estilo.
 
O amigo Ricardo Amorim, com o apoio da Cervejaria Colorado, já está lá cobrindo o evento e postou boas novidades no blog dele, o Cerveja Só. Acompanhem que vale a pena.

Aqui na Taberna, também faremos nossa versão do festival, assim como fizemos com o GBBF. Vou provar e e vou postando aqui minha opinião sobre os rótulos disponíveis no Brasil, provavelmente nesta ordem: Brooklyn, Anderson Valley e Flying Dog.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

GBBF 2010 Last Day

No último dia do GBBF 2010, o plano era ter só as cervejas top, como Thomas Hardy´s 2007, Ola Dubh 18 e Fuller´s Vintage 2008. Porém, ao preparar-las fiquei com tanta pena de abrir que decidi deixar evoluir um pouco mais antes de poder degustá-las.

As escolhidas, no entanto, foram as Meantime Coffee Porter, London Stout e London Pale Ale. Realmente não são cervejas tão complexas como as acima citadas, mas nem por isso deixam de ter seu valor e serem boas cervejas.

Particularmente, como bom Hop Head que sou, achei uma das melhores cervejas do festival a London Pale Ale. Uma Pale Ale de respeito. Com seus 4,3% abv não tem tanta potencia alcoólica, mas compensa no aroma e no paladar.


No nariz, percebi um aroma gramínio bem agradável, nada ofensivo. Adoro o lúpulo como personagem principal no aroma de uma cerveja! Na boca, o amargor, proveniente dos lúpulos Golding e Cascade, é intenso e domina quase que por completo o paladar. Quase porque ainda se percebe um leve doce de malte nesta boa cerveja.

A cor é um âmbar, bem limpo, com espuma branca de média para baixa formação e baixa duração.

Em seguida, uma stout, que a contrário da anterior, é mais leve e contida. A London Stout tem 4,5% de abv e coloração marrom bem escura. Quando posta contra a luz, ela fica com  um fundo avermelhado bonito.


A espuma é bege clara e desaparece rapidamente. Tive que tirar a foto bem rápido e por isso, a imagem ficou ruim. Falha nossa! Acredito que se tivesse servido em um pint o resultado teria sido melhor.

Mas, enfim, isso aqui não é blog de fotografia. O que importa são as características da cerveja, certo? O aroma é moderadamente lupulado, com notas de torrado e café. O paladar acompanha o aroma, pois também tem o torrado e o café.

Last but least, a Meantime Coffee Porter! Ganha um prêmio quem adivinhar qual é a característica principal desta cerveja. Brincadeiras a parte, como o próprio nome diz, o café domina o sabor desta cerveja, que ainda conta com notas torradas e de chocolate amargo. No aftertaste, o café volta.


A cor é um marrom claro. Quando a luz bate no copo, a cerveja tem até a cor de mate. Sua espuma bege clara é pequena e de baixa duração. O aroma é bastante rico, apresentado notas interessantes. O malte torrado evidente, logo na primeira impressão. Em seguida, notas de chocolate e baunilha completam seu buquê. É uma boa cerveja com 6% de abv e baixa carbonatação.

Sei que as cervejas não eram as esperadas pelos amigos, mas foi por um bom motivo. Daqui há um tempo, as cervejas que viriam agora, estarão mais complexas e darão um post mais rico.

Esta edição do GBBF na Taberna do Mamute confirmou mais uma vez que a cada dia chegam mais e melhores cervejas britânicas aqui no Brasil. Pudemos provar mais 15 cervejas, umas boas e outras talvez nem tanto, mas todas diferentes das 11 de 2009. Agradecemos novamente os amigos que visitaram e participaram desta edição e contamos com vocês para um GBBF 2011 ainda melhor e com mais cervejas!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

GBBF 2010 - Day 4

Penúltimo dia da edição 2010 do Great British Beer Festival. Mais duas inglesas e uma irlandesa. Só que agora duas Batemans e uma Guinness. Duas English Pale e uma Stout.

Muito interessante a descrição no rótulo desta cerveja. "Multigrain Beer", isto porquê leva cevada, trigo, aveia e centeio em sua formula. Com toda esta quantidade de grão daria pra pensar que é uma cerveja alcoólico e com forte presença de malte no aroma e sabor.

Contudo, na verdade, a cerveja tem 4,7% de abv e a primeira impressão no aroma é frutado, para logo depois a laranja e cítrico assumirem seus lugares definidos. O paladar é doce, devido aos grãos. Um médio amargor vem no aftertaste para tentar equilibrar esta cerveja. Mas, ela continua sendo principalmente adocicada.

Sua espuma é  branca de boa formação, porém de baixa duração. A cor é ambar/alaranjado.

A segunda do dia, assim como a Combined, foi uma English Pale Ale da Batemans. E por ai terminam as semelhanças entre as duas.

A Victory Ale da Batemans é uma cerveja cobre/caramelo.Sua espuma é bege clara, com duração de média para pequena e pequena formação.

No aroma somente o caramelo. O paladar é predominantemente doce, com malte caramelo. Um leve torrado consegue trazer um amargor para a cerveja.

Mais um rótulo interessante, com o Almirante Nelson, da marinha britânica, a frente de sua embarcação. Foi feita em homenagem ao aniversário de 200 anos da batalha de Trafalgar, travada na costa espanhola. Com esta vitória, Nelson conseguiu evitar a invasão franco-espanhola. O almirante britânico morreu na batalha, mas garantiu seu lugar na historia como um dos grandes gênios militares ingleses.

Depois de um pouco de história, degustamos uma Guinness. Porém, não qualquer Guinness. Não a Guinness, cujo chopp constantemente encontrarmos aqui. E sim uma versão feita especialmente para exportação. Apenas um parantese para comentar que a cervejaria completa 251 anos em 2010. Não deixa de ser uma cerveja histórica também.


A Guinness Special Export, é uma Foreign Stout e como manda o figurino, bem mais forte e encorpada que a versão famosa. Na verdade, é uma versão mais intensa, com quase o dobro de teor alcóolico. Conta com 8% de abv contra 4,2% da versão Draught.

Sua cor é marrom, quase preta. A espuma é densa, com cor de caramelo. Apesar de não ter o nitrogênio ajudar na formação e duração de sua espuma, são elas muito boas. Tem aroma de café e chocolate, que se repetem no paladar também.

Uma agradecimento especial ao amigo Leo Oliveira que me presenteou com esta belezura em uma das minhas inúmeras visitas ao BeerTaste.